sexta-feira, 9 de dezembro de 2016



Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e dos teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás, aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saiba que há perdas irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituíra sozinho. Achando graça pensaras com inveja da lagartixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas a tua volta e limpando o suor frio da tua testa.
Resfreias quase seguro as vontades impossíveis. Já não é tempo de desesperos...
(Caio F.)



- As vezes falta tempo
 as vezes idéias
 as vezes vontade
 Em outras, 
falta inspiração.
Sobretudo, ainda escrevo.

O fim não é aqui.

Eu fiquei tempo demais aqui.  Tentando explicar, tentando entender... Escrevi poemas, mais de cem...  Estou mudando, deixando pra...