Quantas palavras foram gastas para falar do
silêncio. Quanto mais adequada eu tentava
ser, mas eu me perdia do que eu era. E abafei minha loucura no peito comprimido
para ser socialmente agradável. E escrevi coisas otimistas quando estava
sofrendo de tanto medo. E ninguém sabia que aqui do outro lado eu estava
chorando. E deixei que me julgassem sábia quando sou apenas mais uma buscadora
tateando no escuro à procura da luz que pretendo beber a grandes goles. Sou tão
humana, Meu Deus! E no processo de lapidação, joguei fora algumas das minhas
arestas, que talvez fossem o que eu tinha de mais valioso. Sou apenas alguém
[...], que oscila, que anseia, que sofre, que ama, que acorda de madrugada pra
pensar e tem inveja dos que dormem tão profundamente àquela hora. Não tenho
nada que outra pessoa não possa desenvolver também. Não há limite que eu não
possa superar. E se você me encontrar por aí, ou por aqui dizendo coisas e mais
coisas, duvide de mim também. Sou apenas mais uma na multidão que, enquanto
caminha, vai deixando pra trás certezas, adereços e endereços.
Como é mesmo que a minha mãe dizia?
Longe dos olhos, longe do coração.
Pois é!
- Não me olhe atravessado hoje, sou capaz de te esmagar! Também fui colhendo dúvidas e guardando tudo aqui. Também fui sendo uma que não posso, e aturando outros que nunca pude. Mas um dia a gente explode, um dia a gente joga tudo pro ar, um dia.
Hoje é o dia!